Que tal uma breve revisão das principais linhas pedagógicas praticadas no Brasil?
Os pais analisam muitos critérios e linhas pedagógicas na hora de escolher a escola para os filhos. E quem está sempre no topo dessa lista?
Sem dúvida, o projeto pedagógico e a metodologia de ensino. Afinal, dessa decisão depende algo tão precioso como a educação da prole.
No Brasil, atualmente, há sete principais linhas pedagógicas adotadas pelas instituições de ensino: Comportamentalista, Construtivista, Democrática, Freiriana, Montessoriana, Tradicional e Waldorf.
Algumas escolas são mais puristas. Seguem, ao máximo, as suas linhas pedagógicas escolhidas. Porém, muitas não se orientam exclusivamente por um método. Permitem-se visitar os demais e aproveitar o que consideram de melhor. E não há problema nisso, desde que o trabalho seja coerente e eficiente.
Vamos relembrar, resumidamente, as características das principais linhas pedagógicas norteadoras da educação no País.
Linha pedagógica Comportamentalista
A concepção da linha pedagógica comportamentalista enfoca a técnica, o processo e o material instrucional.
O ensino precisa ser bem planejado e o professor deve poder controlar o tempo e as respostas dos alunos, dando-lhes feedbacks constantes. O propósito é poder acompanhar e mensurar resultados.
O objetivo é que o estudante adquira os comportamentos desejados. Em geral, moldados de acordo com determinadas necessidades sociais.
O aluno é visto como alguém que pode aprender a partir de estímulos. Caso os objetivos sejam alcançados, é recompensado.
Na linha pedagógica comportamentalista, o processo de avaliação ocorre por meio de provas, semelhantes às da linha tradicional.
Linha pedagógica Construtivista
Desenvolvida pelo filósofo Jean Piaget, esta linha, mais do que um método, é uma concepção de ensino segundo a qual o aluno é capaz de construir seu conhecimento.
O objetivo de uma escola construtivista é que o estudante adquira autonomia. Emilia Ferreiro, uma das discípulas de Piaget, ampliou esse conceito para a alfabetização.
Segundo ela, uma criança é capaz de se alfabetizar sozinha se estiver em um ambiente com letras e textos e com um professor atuando como mediador.
A concepção não prevê a realização de provas de avaliação.
Linha pedagógica Freiriana
Baseada na pedagogia de Paulo Freire, realiza a educação a partir de princípios como bom senso, humildade, tolerância, respeito e curiosidade.
Destina papel de extrema importância ao aluno e tem o objetivo de libertá-lo.
Os professores devem ouvir os alunos para saber qual a melhor forma de ajudá-los a compreender o mundo.
Para Paulo Freire, o conhecimento tem sentido apenas quando transforma o aluno em sujeito capaz de transformar o mundo.
A linha Freiriana não prevê a realização de provas, mas podem ser feitas avaliações.
Linha pedagógica Democrática
As escolas democráticas estão inseridas na linha chamada de Pedagogia Libertária.
Essa linha pedagógica se caracteriza por abordar a questão pedagógica diante de uma perspectiva baseada na liberdade e igualdade, eliminando as relações autoritárias presentes no modelo educacional tradicional.
Assim, todos estão democraticamente comprometidos com a construção coletiva do espaço comum e a responsabilidade das relações com o outro.
Uma das primeiras experiências nesta linha é a da Summerhill School, na Inglaterra, fundada em 1921 pelo escocês Alexander Sutherland Neil.
Até hoje, os alunos podem escolher a maneira como aprenderão os conteúdos necessários à sua formação.
Não há carga horária obrigatória e a avaliação ocorre por meio de trabalhos realizados conforme a preferência do estudante.
Linha pedagógica Montessoriana
Nesse método, desenvolvido pela médica e educadora italiana Maria Montessori, a melhor maneira de o aluno se descobrir e aprender é pela experiência prática e a observação.
O foco está no estudante. O papel do educador é guiá-lo e orientá-lo.
Concentra-se em propor atividades motoras e sensoriais e remover obstáculos ao aprendizado.
As salas de aulas devem contar com diversos materiais de estímulo, para turmas com 20 alunos, em média.
As provas são opcionais. Em alguns casos, a avaliação é baseada na produção e no desempenho do aluno durante as aulas.
Linha pedagógica Tradicional
Também conhecida como “conteudista”, esta pedagogia ficou conhecida no século XVIII e pretendia universalizar o acesso ao conhecimento.
Nas escolas que adotam esse método pedagógico, a figura central é o professor, como detentor e transmissor do conhecimento.
Há exigência rígida de disciplina e uma grande preocupação com o ingresso na universidade ao fim do Ensino Médio.
O ensino das disciplinas é feito de forma uniformizada e sistematizada, passando idêntico conteúdo a diferentes tipos de crianças.
E a avaliação, normalmente por meio de provas, tem como objetivo mensurar quanto do conhecimento transmitido foi memorizado.
Linha pedagógica Waldorf
Essa linha pedagógica foi desenvolvida pelo filósofo Rudolf Steiner, em 1919, em Stuttgart, Alemanha.
Recebeu este nome porque inicialmente foi aplicada em uma escola para os filhos dos operários da fábrica de cigarros Waldorf-Astoria.
Com visão holística, busca integrar os aspectos físico, emocional e espiritual do aluno.
Os alunos são agrupados por idade, não por séries, para que não pulem etapas do seu desenvolvimento. Sendo assim, inexiste o conceito de repetir de ano.
São ministrados os conteúdos oficiais, recomendados pelo Ministério da Educação, mas também outros, como música, teatro, artes plásticas etc.
A avaliação é baseada nas atividades diárias. São observadas habilidades sociais e virtudes, como interesse e força de vontade. O objetivo é formar um adulto equilibrado e seguro.
De acordo com a Federação de Escolas Waldorf no Brasil, instituições que adotam esse método pedagógico orientam o processo de ensino-aprendizagem segundo alguns princípios de inspiração antroposófica. Entre eles estão:
- a liberdade individual é a maior riqueza do homem;
- o ensino só pode ser vivo e luminoso se for livre;
- o ser humano atual é fruto de acontecimentos que remontam aos primórdios da humanidade.
Paixão pela arte de educar
Independentemente da linha pedagógica, a alegria e a movimentação dos alunos é o que dá vida às salas de aula, aos pátios, às cantinas, às bibliotecas de todas as escolas.
Isso é sempre muito empolgante e emocionante!
E só é assim porque, mesmo quando estão descansando, os profissionais da educação não deixam adormecer a paixão pela arte de educar.
É com essa mesma paixão que estudam, pesquisam, testam e elegem os métodos pedagógicos que mais lhes fazem sentido.
Afinal, só se transforma quem primeiro se (re)conhece.
Embora as linhas pedagógicas sejam norteadoras fundamentais para a educação, são os mestres educadores que identificam os melhores caminhos. E os corrigem quando necessário.
O resultado dessa soma, portanto, é poderoso.
E gratidão é a palavra que melhor expressa o sentimento de quem já passou, ou ainda passa, pelos bancos escolares.
E hoje, quando compreendemos que na vida somos eternos aprendizes, é porque tivemos a ajuda dos mestres.