A Educação Infantil é uma etapa da aprendizagem que se destaca por ser o início da formação do indivíduo. É nesse primeiro contato das crianças com a vida escolar que elas ampliam conhecimentos, por meio de atividades, interações, experiências individuais e coletivas.
Estudiosos do tema concordam que avaliar na Educação Infantil não é uma tarefa simples, pois cada criança tem sua singularidade e se desenvolve em seu próprio tempo. A avaliação, nessa etapa, está voltada para o acompanhamento das práticas de aprendizagem e de desenvolvimento dos alunos, com suas dificuldades, suas habilidades e suas capacidades de construção do conhecimento.
Avaliação focada na experiência
Para a professora e pedagoga Liliane Ceron, que atua como coordenadora pedagógica na rede municipal de Novo Hamburgo, na Região Metropolitana de Porto Alegre (RS), um dos maiores desafios da avaliação escolar na Educação Infantil é desvincular esse processo da verificação de aprendizagem. “É imprescindível não se limitar a inventariar as capacidades adquiridas nem as que estão em desenvolvimento ou que ainda não se desenvolveram”, alerta.
Uma avaliação significativa deve ser baseada “na experiência da vida escolar de cada criança, no contexto de um grupo, por meio do acompanhamento do desenvolvimento do aluno”, destaca Liliane. “Essa é uma forma de valorizar o percurso construído no processo de aprendizagem”, complementa.
Algumas estratégias podem ser fundamentais na construção dessa perspectiva, como os registros sistemáticos, que permitem observar, documentar e refletir sobre os percursos das crianças e sobre as formas como os professores transformam e qualificam as práticas pedagógicas.
Aperfeiçoando a avaliação
Segundo Liliane, o registro da vida em sala de aula é essencial para a compreensão do que se faz e do porquê se faz. “São essas experiências cotidianas que formam a história de cada criança, de cada grupo de crianças e de cada professor”, afirma.
O portfólio representa, por meio de diferentes linguagens, as produções das crianças em determinado período da vida escolar. É uma seleção de registros que, organizados, dão visibilidade a um percurso de aprendizagem. Pode conter observações, falas, mostra de trabalhos, fotos, materiais digitais, considerações da família, entre outras coisas.
Como método de documentação, “o portfólio é uma maneira desafiante de aperfeiçoar a avaliação das crianças, pois convoca todos os atores desse processo a uma conversa sobre as aprendizagens, tornando possíveis os múltiplos olhares: do professor, dos alunos e das famílias”, explica Liliane.
Revisitado durante o ano e mesmo após o final do período letivo, o portfólio serve como instrumento de memória, registro e reflexão sobre vivências para a criança e para pais e professores.
Um retrato da criança e do seu desenvolvimento
A construção do portfólio não tem receita. Para Liliane, o importante é definir objetivos e propósitos e criar uma estrutura de apresentação que dê visibilidade ao percurso e às evidências de aprendizagens, às realizações e ao desenvolvimento da criança, bem como ao modo como foram construídas.
Pensado dessa forma, o portfólio “apresenta uma imagem rica da criança e favorece a comunicação e a interação entre escola e família”, esclarece a professora.
Liliane conta que, assim como os professores ponderam sobre ações e observações, “as crianças também repensam e refletem sobre experiências vividas, escolhendo imagens, selecionando trabalhos, elaborando textos oralmente que serão registrados pelas professoras”.