Nesse período de distanciamento social e da suspensão das aulas presenciais por conta da covid-19, o Diário Escola traz algumas sugestões de leitura para adolescentes. Conversamos com alguns coordenadores de escolas para montar essa sugestão de leitura para os alunos do ensino médio: 15 livros para adolescentes lerem durante a pandemia.

Sempre é bom lembrar que ler é superimportante. É fato que é umas das maneiras mais rápidas e fáceis para conhecer diferentes culturas sem sair do lugar. Além disso, é uma forma de aprender sobre muitos temas presentes no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) e em provas de vestibulares. Melhor dito: ler permite estudar e, ao mesmo, tempo se divertir.

Abaixo, uma lista de incríveis 15 livros para adolescentes lerem durante a pandemia.

1. A menina que roubava livros – Markus Zusak

Em primeiro lugar, sugerimos a história de Liesel Meminger. Desde o início da vida ela precisou achar formas de se convencer do sentido de sua existência. Após ver seu irmão morrer no colo da mãe, a menina foi deixada aos cuidados de Hans e Rosa Hubermann, um pintor desempregado e uma dona de casa rabugenta. Em sua mala, a protagonista trazia escondido um livro: O manual do coveiro… A história de Liesel conta com outros personagens fundamentais: Rudy Steiner (melhor amigo e o namorado que nunca teve) e a mulher do prefeito (sua tardia melhor amiga). Quem sempre testemunha a dor e a poesia da época em que Liesel teve sua vida salva pelas palavras é a narradora. Vale, muito, a leitura.

2. O poder do hábito – Charles Duhigg

Em apenas dois anos, uma jovem transformou quase todos os aspectos de sua vida: parou de fumar, correu uma maratona e foi promovida. Ao mesmo tempo, publicitários  de uma grande multinacional observaram vídeos de pessoas fazendo a cama, na desesperada tentativa de descobrir como vender um novo produto. Na sequência, um diretor executivo pouco conhecido assume uma das maiores empresas norte-americanas. Seu primeiro passo é atacar um único padrão entre os funcionários: a maneira como lidam com a segurança no ambiente de trabalho… Então, o que essas pessoas têm em comum? De maneira idêntica, tiveram êxito transformando hábitos. Com perspicácia e habilidade, Charles Duhigg apresenta um novo entendimento da natureza humana e seu potencial para a transformação.

3. Toda Poesia – Paulo Leminski

Paulo Leminski se equilibrou entre duas construções que rivalizavam na década de 1970: a poesia concreta (mais erudita e superinformada) e a lírica (que florescia entre os jovens de vinte e poucos anos da chamada “geração mimeógrafo”). Ou seja, ao conciliar a rigidez da construção formal e o mais genuíno coloquialismo, praticou, ao longo da vida, um jogo de gato e rato com leitores e críticos. Conhecedor da mais fina poesia, demonstrava prazer em se mostrar “à vontade” em sua criação poética… Não raro, beirava o improviso. O que dava um nó na cabeça dos mais conservadores. Artimanha de um poeta consciente e dotado das melhores ferramentas para escrever versos. Entre sua estreia na poesia (1976) e sua morte (1989), Leminski ocupou zona fronteiriça única na poesia contemporânea brasileira. De forma legítima ou como contrabando, transitou entre o erudito e o pop, entre o ultra concentrado e o prosaico.

4. O menino do pijama listrado – John Boyne

Bruno tem nove anos e não sabe nada sobre o Holocausto e a Solução Final contra os judeus. Também, não faz ideia que seu país está em guerra com boa parte da Europa e, muito menos, que sua família está envolvida no conflito. Na verdade, Bruno sabe apenas que foi obrigado a abandonar a espaçosa casa em que vivia em Berlim e a mudar-se para uma região desolada, onde não tem ninguém para brincar nem nada para fazer. Da janela do quarto, avista uma cerca e, para além dela, centenas de pessoas de pijama. Em uma de suas andanças, Bruno conhece Shmuel, um garoto do outro lado da cerca que, curiosamente, nasceu no mesmo dia que ele. O menino do pijama listrado é uma fábula sobre amizade em tempos de guerra. Sobre o que acontece quando a inocência é colocada diante de um monstro terrível e inimaginável.

5. Vidas secas – Graciliano Ramos

O perfeito retrato do retirante nordestino. Assim sendo, a história de Fabiano e sua família, na companhia da cadela Baleia, é contada de uma forma que chama a atenção pela descrição das cenas, das passagens cruas e dolorosas enfrentadas pelo povo do sertão. Além, claro, da abordagem dos aspectos psicológicos de seus personagens.

6. Sapiens – Uma breve história da humanidade – Yuval Noah Harari

O que possibilitou ao Homo sapiens subjugar as demais espécies? O que nos torna capazes das mais belas obras de arte, dos avanços científicos mais impensáveis e das mais horripilantes guerras? Certamente, nossa capacidade imaginativa. Aliás, somos a única espécie que acredita em coisas que não existem na natureza, como Estados, dinheiro e direitos humanos. Partindo dessa ideia, Yuval Noah Harari, doutor em história pela Universidade de Oxford, apresenta uma perspectiva inovadora para explicar o mundo e o ser humano. De tal sorte, afirma que o capitalismo é a mais bem-sucedida religião; que o imperialismo é o sistema político mais lucrativo; que nós, humanos modernos, embora sejamos muito mais poderosos que nossos ancestrais, provavelmente não somos mais felizes… Com certeza, um relato eletrizante sobre a aventura de nossa extraordinária espécie: de primatas insignificantes a senhores do mundo.

7. Felicidade crônica – Martha Medeiros

“Não sei se você percebeu, mas viver é nossa única opção real. Antes de nascermos, era o nada. Depois, virá mais uma infinidade de nada. Essa merrequinha de tempo entre dois nadas é um presentaço. Não seja maluco de desperdiçar. …Não é preciso chegar num momento-limite para se dar conta disso. O enfrentamento das pequenas mortes que nos acontecem em vida já é o empurrão necessário. Morremos um pouco todos os dias, e todos os dias devemos procurar um final bonito antes de partir.” Trecho da crônica Antes de partir. De fato, os 20 anos de cronista de Martha Medeiros estão pontuados por questionamentos acerca da natureza da felicidade. Em suma, são lembretes para que busquemos a felicidade sempre, em todos os momentos. Constatações de que a felicidade, muitas vezes, chega de mansinho e, por isso, é preciso um olhar treinado para avistá-la.

8. Memórias póstumas de Brás Cubas – Machado de Assis

Escrito em 1881, a obra se mantém presente nas leituras necessárias aos vestibulares. Inegavelmente, tem um enredo peculiar. O autor dá a palavra a um protagonista morto e, a partir do ponto de vista do personagem, o leitor acompanhar suas memórias e se diverte com sua trajetória. Realmente, uma das pérolas dentre esses 15 livros para adolescentes lerem durante a pandemia.

9. A hora da estrela – Clarice Lispector

Nesse livro, a vida de Macabéa, personagem central, tem a história contada por outro personagem: Rodrigo, o narrador. Macabéa é uma nordestina que parte para o Rio de Janeiro em busca de uma nova realidade, confrontando seus sonhos e expectativas com as dificuldades da vida real. Em resumo, a vida de Macabéa é um misto de drama e comédia. Dessa forma, A hora da estrela consegue aproximar o leitor do texto pela sua descrição visual dos acontecimentos e da personalidade de Macabéa.

10. Modernidade líquida – Zygmunt Bauman

A fluidez, a fragilidade, a fraqueza dos laços estabelecidos entre as pessoas, principalmente, são as temáticas abordadas por Zygmunt Bauman. As relações sociais da vida moderna são o ponto de partida para uma discussão conceitual e prática sobre os seguintes aspectos: as relações de trabalho; a relação sentimental entre os seres humanos; e as incertezas e as inseguranças vividas. Inegavelmente, esse é outro destaque dentre os 15 livros para adolescentes lerem durante a pandemia.

11. A megera domada – William Shakespeare

Lucêncio, filho de um rico comerciante de Pisa, chega a Pádua para estudar na universidade, mas logo se apaixona por Bianca, filha caçula de um rico mercador e que já tem dois pretendentes. Enquanto isso, Batista Minola, o pai de Bianca, decide que ela só se casará depois da filha mais velha, Catarina, que é considerada uma megera e, por isso, não tem nenhum pretendente. Logo depois, Petrúquio chega a Pádua decidido a se casar com uma moça bem rica para aumentar sua fortuna. Depois de fingimentos, trapaças e trapalhadas, Catarina e Petrúquio se casam e a ex-megera faz um discurso em que defende que as mulheres devem amor, doçura, fidelidade e obediência a seus maridos, que são seus amos e senhores.

12. Bird box (Caixa de pássaros) – Josh Malerman

Depois que as mortes começaram, há quatro anos, restaram poucos sobreviventes em Michigan. Malorie e seus dois filhos pequenos estão entre eles. De fato, fazem parte do grupo que tenta resistir em um mundo no qual abrir os olhos pode ser fatal. De tal sorte que, vivendo em uma casa abandonada, não sabem o que se passa do lado de fora. Sempre sem comunicação com o exterior, o local é uma área isolada no meio do caos. Até o momento em que uma misteriosa neblina atinge a região e Malorie toma uma decisão que adiou por muito tempo. Após quatro anos trancados, ela e as crianças fogem em um barco a remo na esperança de encontrar um lugar distante do surto que matou todos ao seu redor. De olhos tapados, sem dúvida, os três encaram uma viagem assustadora rumo ao desconhecido.

13. O alienista – Machado de Assis

Após conquistar respeito em sua carreira de médico na Europa e no Brasil, o Dr. Simão Bacamarte retorna à terra-natal, Itaguaí, para se dedicar ainda mais à profissão. Depois de um tempo na cidade, se casa com a viúva D. Evarista, uma mulher por volta dos 25 anos que não era nem bonita nem simpática. O médico a escolheu por julgá-la capaz de gerar bons filhos, mas acabam não tendo nenhum. Dr. Bacamarte se dedica aos estudos da psiquiatria e constrói um manicômio chamado Casa Verde, para abrigar todos os loucos da cidade e região. Em pouco tempo, o local fica cheio e ele fica cada vez mais obcecado pelo trabalho. No começo os internos eram realmente casos de loucura e a internação aceita pela sociedade. Mas, em certo momento, Dr. Bacamarte passa a enxergar loucura em todos e a internar pessoas que lhe causavam espanto.

14. O mistério da casa verde – Moacyr Scliar

Arturzinho e seus amigos decidem transformar a casa verde, um lendário casarão abandonado na cidade de Itaguaí, em um clube. Não apenas o local abrigara um hospício no século XIX, mas também inspirou Machado de Assis a escrever O alienista. Seja como for, no interior do casarão, os garotos percebem algumas coisas estranhas: o local está limpo e, aparentemente, alguém mora ali. Por conseguinte, para descobrir o que está acontecendo, os meninos terão de recorrer ao conto de Machado de Assis e, nele, encontrarão uma profunda reflexão sobre loucura, autoridade e poder.

15. Tartarugas até lá embaixo – John Green

Ao final, essa história acompanha a jornada de Aza Holmes, uma menina de 16 anos que sai em busca de um bilionário misteriosamente desaparecido. A princípio, quem encontrá-lo receberá uma polpuda recompensa em dinheiro. Repleto de referências da vida do autor, entre elas, a paixão pela cultura pop e o TOC (distúrbio mental que o afeta desde a infância). Em síntese, Tartarugas até lá embaixo tem tudo o que fez de John Green um dos mais queridos autores contemporâneos. Um livro que fala de amizades duradouras e reencontros inesperados, fan-fics de Star Wars e – por que não? – peculiares répteis neozelandeses.