O bem-estar de quem educa é um dos pilares para uma cultura escolar saudável e sustentável. No entanto, esse aspecto ainda é pouco priorizado no cotidiano de muitas instituições. A pesquisa Cultura Escolar em Análise, realizada pela SchoolAdvisor com 589 profissionais de 348 escolas privadas brasileiras, escancara os desafios emocionais vividos por gestores, professores e equipes administrativas. Os dados reforçam a urgência de incluir a saúde emocional no centro das estratégias da escola.
Uma rotina de sobrecarga
Mais de 70% dos profissionais entrevistados afirmam trabalhar mais de 41 horas por semana — muitos, inclusive, também se dedicam à escola durante os fins de semana. Essa carga intensa, aliada à pressão por resultados, à ausência de autonomia e à fragilidade nas relações hierárquicas, alimenta um ciclo contínuo de desgaste.
Além disso, 84% relatam níveis de estresse entre moderado e alto. Ainda assim, apenas 33% das escolas oferecem algum tipo de suporte psicológico. O dado mais alarmante talvez seja este: mais da metade dos profissionais (51%) já buscou ajuda por conta própria para lidar com o sofrimento emocional. Isso revela uma cultura escolar que normaliza a exaustão e negligencia a saúde mental.
Felicidade e esgotamento podem coexistir?
Apesar dos desafios, 58% dos profissionais dizem sentir realização em seu trabalho. Esse dado reforça o vínculo afetivo e o senso de propósito que ainda sustentam a atuação docente. No entanto, essa realização vem acompanhada de um preço alto: 49% se sentem sobrecarregados e 61% dos professores relatam cansaço ou esgotamento frequente.
Esse desequilíbrio entre esforço e reconhecimento institucional pode gerar desmotivação e até evasão profissional, comprometendo o clima interno e a qualidade do ensino.
O papel da liderança e da cultura escolar
A pesquisa também destaca o papel fundamental da liderança escolar na construção de ambientes emocionalmente saudáveis. Quando há formação de lideranças empáticas, canais de escuta ativa, reconhecimento cotidiano e uma gestão mais humanizada, os efeitos positivos aparecem rapidamente.
Contudo, essas iniciativas ainda são exceção. Menos de 20% das escolas têm políticas estruturadas de bem-estar, como ações de prevenção, escuta ativa ou acompanhamento contínuo da saúde emocional das equipes. Faltam intencionalidade, processos e continuidade.
Por que isso importa para além das equipes?
Cuidar da saúde mental dos profissionais da educação, com toda a certeza, vai muito além do bem-estar individual. Acima de tudo, trata-se de uma estratégia institucional inteligente. Ou seja, quando educadores se sentem valorizados e amparados, o relacionamento com as famílias melhora, o acolhimento aos alunos se fortalece e a permanência nas escolas aumenta.
Além disso, uma equipe emocionalmente saudável fortalece a reputação da escola, reduz a rotatividade e impulsiona um clima organizacional mais produtivo e colaborativo.
Caminhos possíveis
Então, para fortalecer a cultura escolar e preservar a saúde das equipes, algumas ações são essenciais:
rever rotinas e expectativas,
investir em apoio psicológico estruturado,
formar líderes empáticos,
valorizar o tempo de planejamento,
adotar tecnologias educacionais, que simplifiquem processos operacionais.
Mais do que discursos sobre valorização, sobretudo, as escolas precisam transformar práticas. Afinal, pessoas não educam quando estão adoecidas — e cultura escolar se constrói com pessoas saudáveis, acolhidas e reconhecidas.
Este artigo foi inspirado nos dados da pesquisa “Cultura Escolar em Análise – Um estudo sobre vivências e necessidades dos profissionais da educação”, realizada em 2025 pela SchoolAdvisor: um marketplace de escolas, que oferece soluções para conectar famílias a instituições de ensino, e apoia escolas na divulgação e captação de mais alunos.
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