Fazer e aprender para aprender fazendo. Mais que um jogo de palavras, é um processo do ensino e da aprendizagem muito popular e com boa aceitação.
Aprender fazendo (learn by doing) é botar a mão na massa e ser agente ativo em seu processo de desenvolvimento intelectual.
De fato, a ideia é que, por meio da prática, a experiência educacional possa ser mais relevante.
Também, que os educandos, estimulados pelo protagonismo da vivência prática, demonstrem-se mais engajados.
Assim, o resultado esperado é melhor compreensão e maior fixação dos conteúdos.
Aliás, não é algo novo. Apenas mais recentemente é que a inclusão dessa prática pedagógica vem ganhando mais espaço nas instituições de ensino.
Só para ilustrar, os filósofos e educadores que já defenderam essa ideia são: Platão, Aristóteles, Rousseau, Montessori e Freinet são expoentes.
Aprender fazendo e o método tradicional
O learn by doing é uma proposta que pode ser complementar ou alternativa ao modelo tradicional de ensino (teórico, expositivo e passivo).
Portanto, em ambos os casos, o propósito de aprender fazendo é conseguir maior relevância à aprendizagem por meio da prática.
“Aprender fazendo” é um termo criado pelo educador e filósofo John Dewey (1938). De fato, ele reconhece no processo prático o caminho para potencializar as possibilidades e os resultados da educação, pelo envolvimento direto dos educandos nessa experienciação.
Igualmente, Dewey acredita que a educação experiencial, por meio de um processo de reconstrução e reorganização dos resultados das vivências, influirá positivamente nas experiências futuras.
Mais recentemente, em 1984, o teórico educacional David Kolb retoma e amplia o conceito de “aprender fazendo” de John Dewey.
Com efeito, em sua teoria, o Ciclo de aprendizagem de Kolb, ele descreve o processo de aprendizagem experiencial como um ciclo contínuo com quatro estágios.
Agir (experiência concreta), refletir (observação reflexiva), conceitualizar (conceitualização abstrata) e aplicar (experimentação ativa).
Enquanto John Dewey é reconhecido na educação de jovens (pedagogia), sinal dos tempos, David Kolb é considerado essencial na educação de adultos (andragogia).
Inegavelmente, o reconhecimento dos dois americanos na academia e no mercado é notório.
Dewey, mais em como auxiliar no processo de aprendizagem e, Kolb, pelo entendimento do comportamental humano ligado à aprendizagem.
5 boas razões para adotar vivências práticas e aprender fazendo na escola
1. RELEVÂNCIA
Aprender fazendo, evidencia aos estudantes os papéis da teoria e da prática. O porquê e o para quê das “coisas”.
A explicação da aplicação prática das teorias torna mais compreensível o aprendizado. Também, as vivências preparam melhor os jovens para o mundo.
Assim sendo, eles adquirem maior desenvoltura na hora de enfrentar desafios e resolver problemas.
2. ERRAR FAZ BEM AO APRENDER FAZENDO
O learn by doing é muito atual no quesito inovação. Uma premissa e princípio comuns a aprender fazendo e aos processos de inovação é que a curva de aprendizagem pode ser maior nos erros do que nos acertos.
Por isso, evidencia-se o papel fundamental dos professores, como mediadores e curadores dos conhecimentos e teorias.
No mundo atual e no futuro, é essencial saber que se pode errar e falhar. O propósito dessa permissão é adquirir o conhecimento necessário para evitar, pelo menos, o mesmo erro ou falha no futuro.
De fato, esse é um processo criativo que resulta em alternativas criativas. Com toda a certeza, a escola é o espaço para isso tudo, para testar, errar, aprender e evoluir.
3. INTERDISCIPLINARIDADE
Transitar em várias áreas do conhecimento, certamente, é uma vantagem desse processo pedagógico.
De tal sorte que abordar e buscar a resolução de problemas conectando e integrando várias disciplinas é uma intenção diferencial.
Como resultado, a vivência prática e resolutiva, por meio de conhecimento transdisciplinar, temos aulas mais dinâmicas, experienciação estimulante e maior absorção e fixação de conteúdo.
4. COOPERAÇÃO E COLABORAÇÃO
O futuro valoriza o trabalho conjunto. Então, saber cooperar e colaborar são habilidades fundamentais no presente e, muito mais, no futuro.
Assim como saber que o conhecimento tem mais valor quando é compartilhado.
Aprender fazendo é experienciar o fracasso e transformá-lo em sucesso por meio da atuação integrada de todas as diferentes habilidades presentes em um grupo.
Da mesma forma, é saber que a empatia é um desafio constante no processo de aprender, de conviver e de discutir soluções e alternativas com os colegas.
Ao mesmo tempo, a construção da autonomia e da independência de cada indivíduo anda junto e é resultado da vivência coletiva.
Posto que o espírito de nosso tempo valoriza o desenvolvimento pessoal sem esquecer ou descartar o social, o espírito de coletividade e a diversidade e o respeito às diferenças.
5. AUTOESTIMA E CONFIANÇA
Inegavelmente, desenvolver um projeto desde a ideação até a realização prática tem repercussão no íntimo dos indivíduos e é, em si, um valor intangível.
Sem dúvida, docentes e educandos experimentarão o aumento da autoestima e da confiança ao aprender fazendo.
Como mensurar o aumento e a evolução das capacidades analítica, crítica e argumentativa; das habilidades de gestão de recursos e de pessoas e da criatividade?
Como avaliar o desenvolvimento intelectual e pessoal gerados pela flexibilidade em se aventurar pelo desconhecido, pelo novo?
Quais os benefícios para a vida dos educandos pela confiança e coragem demonstradas em momentos de exposição, tensão e pressão?
Em resumo, são capacidades, habilidades, atributos, benefícios e atitudes difíceis de serem mensuradas.
Sobretudo, são importantes propósitos do processo de ensino aprender fazendo.
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