Por Bruna Tadross
O currículo bilíngue tem sido cada vez mais notabilizado dentro do cenário da educação brasileira. Certamente, essa demanda intensifica-se no Brasil a partir da busca por uma educação que visa a sociedade multilíngue e multicultural do século XXI.
Assim, frente a esse panorama atual, García (2007)1 reitera a relação do perfil dos estudantes no cenário mundial e a importância da implementação dos programas bilíngues nas escolas:
Dentro desse contexto, é evidente a importância de transpor o ensino de inglês para um currículo bilíngue interdisciplinar, tendo como base central o repertório diversificado multilíngue e plurilíngue dos estudantes e docentes.
A oferta de materiais didáticos e principalmente a transposição do analógico para o digital por meio de plataformas tem crescido exponencialmente. Todavia, o cenário do ensino de inglês continua enfrentando grandes obstáculos.
De acordo com a avaliação feita em 2018 para o exame internacional Pisa com jovens de 15 anos, a OCDE2 (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) destacou que os estudantes brasileiros têm menor desenvolvimento em competências globais pela falta de interação com pessoas de diferentes países e por não terem o domínio de outros idiomas. Portanto, em consequência da falta do currículo bilingue, torna-se necessário desconstruir as práticas individuais e, ao mesmo tempo, oferecermos um amplo debate acerca das possíveis integrações e colaborações com a comunidade escolar para vencermos esse desafio global.
Currículo bilíngue: conexão para integrar competências globais
Cada comunidade escolar possui especificidades conforme seu projeto político-pedagógico rico em detalhes e vivências. Sendo assim, uma parceria deve, em primeiro lugar, entender cada contexto escolar.
Então, é mais do que oferecer uma plataforma de conteúdos diversos. Vai além de reuniões esporádicas e observações de aulas isoladas, por exemplo. Sem dúvida, é necessário inspirar estudantes, educadores e mantenedores para todos serem participantes ativos da construção do currículo escolar integrado e bilíngue.
Assim, com o objetivo da formação dos jovens como sujeitos críticos, criativos e autônomos, criou-se a necessidade de pensarmos em soluções digitais capazes de proporcionar experiências coerentes com as áreas do conhecimento da BNCC para o novo Ensino Médio, visando praticar a cultura da colaboração de maneira bilíngue.
Dessa maneira, as escolas poderão ter a possibilidade de manter o excelente trabalho dentro de suas demandas diárias e estarem seguras de que uma solução parceira focará no currículo bilíngue e no desenvolvimento da motivação de sua equipe docente e de seus estudantes por meio de um material integrado com a missão e princípios de cada instituição. Como resultado, os projetos desenvolvidos pelos estudantes serão destaque em prol da solução de problemas locais e globais.
Por isso, precisamos construir narrativas que promovam ações para intensificar a conexão entre escolas, estudantes, professores e especialistas com o objetivo de expandir esforços individuais e nos levar à cultura da colaboração (SHIRKY, 2010) para o desenvolvimento da sociedade.
(1) Cada vez mais, ao redor do mundo, crianças com diferentes perfis e práticas linguísticas compõem a sala de aula. É claro que língua estrangeira, segunda língua, e mesmo programas tradicionais de educação bilíngue não são mais suficientes quando as salas de aula são extremamente heterogêneas linguisticamente. Educação bilíngue tornou-se importante não apenas como uma forma de equalizar os diferenciais de poder entre línguas minoritárias e majoritárias, mas também uma maneira de ampliar o potencial plurilíngue dos alunos e responder ao multilingualismo do mundo. (GARCIA, 2015 p. 235, tradução nossa).
(2) https://www.bbc.com/portuguese/brasil-54639035. Bibliografia: BORAHONA, Malba. English Language Teacher Education in Chile. A cultural historical activity theory perspective. Routledge, julho de 2015. BRITISH COUNCIL BRASIL. Demandas de Aprendizagem de Inglês no Brasil. Teaching English. São Paulo, SP, 2014, p. 1-29. Disponível em: http://www.britishcouncil.org.br/sites/britishcouncil.br/files/demandas_de_aprendizagempesquisacompleta.pdf>. Acesso em: 10 de outubro de 2017. COYLE, D., HOOD, P., & MARSH, D. CLIL: Content and language integrated learning. Cambridge, UK: Cambridge University Press, 2010. GARCÍA, O. and Kleifgen, J. Educating Emergent Bilinguals. Policies, Programs and Practices for English Language Learners. New York: Teachers College Press, 2010. HOOD, Philip and MARSH, David. CLIL: Content and Language Integrated Learning. U.K: Cambridge University Press, 2010. MARTIN-JONES, M., Blackedge, A. and Creese, A. The Routledge Handbook of Multilingualism. Routledge. New York, 2015. MEGALE, Antonieta Heyden. Bilinguismo e educação bilíngue – discutindo conceitos. Revista Virtual de Estudos da Linguagem – ReVEL. V. 3, n. 5, agosto de 2005. SHIRKY, Clay. Cognitive Surplus: How technology makes consumers into collaborators. Penguin Books, New York, 2010.
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